segunda-feira, 20 de julho de 2015

Doutrinação ideológica: o segredo do Diabo é fingir que não existe


O tema de debate na página de opinião da Folha hoje foi a doutrinação ideológica em nossas escolas. Do lado que defende a existência da doutrinação e a necessidade, portanto, de proteger os alunos com base nas leis, escreveu o advogado Miguel Nagib, da ONG Escola Sem Partido. Do outro lado, o professor de história contemporânea da USP Lincoln Secco, alegando que é censura limitar o que os professores podem dizer em sala de aula e chamando de “conspiração” a ideia de que há doutrinação ideológica em curso.

Nem preciso dizer quem está com a razão, do meu ponto de vista. Nagib apresenta claros argumentos, embasando sua defesa do projeto de lei que leva o nome da ONG que criou, enquanto Secco apela para ironias de quinta categoria, tentando ridicularizar quem constata o óbvio: que, no Brasil, vários “professores” mais parecem militantes partidários e ideológicos, abusando da “liberdade de cátedra” para fazer lavagem cerebral nos alunos muitas vezes ainda indefesos. Diz o professor:

É a escola! Basta ler a justificativa de um dos projetos e encontraremos a razão recôndita: prepara-se no Brasil uma doutrinação ideológica baseada no filósofo italiano Antonio Gramsci e nas teses do 5º Congresso do PT (sic)!

Como o processo educativo ainda é um encontro de pessoas, é claro que os professores não podem se despir de suas crenças quando ensinam, tampouco as crianças, que trazem para a sala de aula os preconceitos que absorvem em suas famílias ou meios de comunicação.

[...]

Contra quais desses parâmetros os projetos de lei se insurgem? Seriam contra a história da África, só porque foi inserida no currículo pelo governo Lula? Contra o direito a brincar que é um dos princípios definidos pelo Ministério da Educação para a escola infantil?

Afinal, talvez haja um conteúdo chinês no jogo da amarelinha ou a preparação para a clandestinidade no esconde-esconde!

Que o leitor entenda aqui a ironia como o último recurso diante da língua simplificada dos neofascistas. Apresentam-se como defensores da liberdade, assim como o golpe de Estado é sempre pela democracia.

E, quando você discorda, lê nos seus esconderijos virtuais termos como “idiotice”, “masturbação sociológica” e a suprema ofensa: “petista” (outrora seria “comunista”). Curiosamente, eles são os frutos da mesma escola que nos doutrina como esquerdistas incorrigíveis.


A afetação é digna de um embusteiro pego em flagrante. É o nervosismo de quem viu a máscara cair. Então o professor nega que muitos dos seus pares são, sim, filhotes de Gramsci, transformando as escolas em antros de doutrinação ideológica para sua revolução e para “reformar a sociedade” com cores vermelhas? Então ele nega que o ideal de buscar a neutralidade deva ser seguido, ainda que sua plenitude seja impossível? Então ele acha que o problema é a história da África, e não a intensa propaganda comunista nas aulas, transformando o assassino Che Guevara num herói e culpando o capitalismo por todos os males do mundo?

Note que o professor ridiculariza até o ataque de “petista” a essa turma engajada, como outrora foi o termo comunista usado para condenar… comunistas! Então ele acha que comunistas não existiram e não representavam ameaça real às democracias? Então ele ignora a Guerra Fria e que ela tinha claramente um lado errado, e era o lado comunista?

Por fim, ele tenta usar um recurso pérfido: diz que esses anticomunistas são frutos da mesma escola que doutrina os alunos como esquerdistas incorrigíveis, como se a existência dessa gente fosse prova de que não há doutrinação alguma. Ora, só mesmo um típico aluno doutrinado por um professor desses cai nessa ladainha. Claro que nem todos saem como analfabetos funcionais, como papagaios que só repetem slogans marxistas.

Alguns tiveram o antivírus inoculado em casa, outros desenvolveram por conta própria a capacidade de pensar de forma crítica e evitar a lavagem cerebral. Isso não nega, de forma alguma, a existência da grande máquina de moer cérebros montada pelos partidos e sindicatos de esquerda em nossas escolas. O resultado, aliás, é visível: o PT está no poder há 13 anos destruindo o Brasil, Paulo Freire, que adorava ditadores assassinos, é enaltecido como um guru e “patrono da educação brasileira” pelos idiotas úteis, o regime opressor cubano ainda é idolatrado por vários imbecis, etc. O resultado dessa doutrinação está aí, para quem tiver olhos para enxergar!

Mas o Diabo adora fingir que não existe. É sua principal tática na conquista de almas penadas. Comunismo? Isso é paranoia de reacionário. Esqueça o Foro de São Paulo, o Mercosul bolivariano, a Venezuela chavista, o MST: nada disso existe! É coisa da mídia golpista. Gramsci? Quem é mesmo? Doutrinação ideológica nas escolas? Que isso?! São apenas militantes comunistas que não conseguem deixar seu viés de fora da sala, como, aliás, todos! Livros de história que enaltecem as “maravilhas” do socialismo, sistema que trouxe sempre, em todo canto, apenas escravidão e miséria? Qual o problema? Sabemos que o capitalismo é o grande inimigo mesmo…

É muita desonestidade intelectual, muita safadeza, muita cara de pau! Mas Miguel Nagib, ao contrário do irônico professor esquerdista, coloca os pingos nos is e disseca o que está por trás dessa “liberdade” pregada pelos militantes:

Censura é cerceamento à liberdade de expressão. Ocorre que não existe liberdade de expressão no exercício estrito da atividade docente. Se existisse, o professor não seria obrigado a transmitir aos alunos o conteúdo de sua disciplina: poderia usar suas aulas falando sobre futebol e novela.

Também não existe liberdade de expressão quando a pessoa se dirige a indivíduos que são obrigados a escutá-la, como os alunos numa sala de aula. Do contrário, a liberdade de consciência desses indivíduos –garantida pela Constituição– seria letra morta. O que a Carta Magna assegura ao professor é a liberdade de ensinar.

Essa liberdade, porém, não confere ao professor o direito de abusar do seu cargo e da audiência cativa dos alunos para promover suas convicções políticas e ideológicas.

Além de violar a liberdade de consciência dos alunos, essa prática ofende o princípio constitucional da neutralidade política e ideológica do Estado –que impede o uso da máquina pública em benefício desse ou daquele partido ou ideologia– e afronta a democracia, já que visa a desequilibrar o jogo político em favor de um dos competidores.

[...]

As obrigações são estas: não abusar da audiência cativa dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para essa ou aquela corrente ideológica, política ou partidária. Não favorecer nem prejudicar os alunos em razão das suas convicções políticas, ideológicas, religiosas ou morais. Não fazer propaganda político-partidária em sala de aula. Ao tratar de questões controvertidas, apresentar aos alunos, de forma justa, as principais teorias, versões e perspectivas concorrentes. Respeitar o direito dos pais dos alunos sobre a educação moral dos seus filhos.


Claro que os comunistas, que fingem não existir, não toleram isso. Eles querem controlar as mentes, inculcar sua ideologia em crianças indefesas, formar uma legião de soldados revolucionários para “reformar a sociedade”, trocando o sistema capitalista pelo comunista. Isso é um crime! Isso é indecente, imoral e inconstitucional. Esses “professores” não têm o direito de abusar de sua posição para fazer lavagem cerebral. Já fizeram isso por tempo demais impunes. Agora chega. Agora os pais estão acordando para seus direitos, e vão lutar para proteger seus filhos!






Por Rodrigo Constantino

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